A Sete Brasil é uma empresa criada em 2010, com o intuito de viabilizar a construção de sondas de exploração de petróleo na camada do pré-sal, utilizando conteúdo local e atribuindo esse projeto a alguns estaleiros nacionais.
Desde fins de 2014, a companhia vem enfrentando sérios problemas financeiros devido às denúncias de corrupção em que está envolvida, ao bloqueio de um empréstimo bilionário pelo BNDES e às dívidas com os estaleiros, que já chegam a US$ 4 bilhões. Por causa dessas dificuldades, segundo o jornal Folha de S. Paulo de 23/08/2015, a empresa elaborou um plano de reestruturação para impedir uma possível quebra, mas na negociação com a Petrobrás para fechar um acordo, a estatal fez exigências de operar menos sondas do que o previsto inicialmente porque, com a queda do preço do barril do petróleo, o aluguel das sondas no exterior tornou-se mais barato do que as sondas da Sete Brasil. Essa conjuntura problemática em que se insere a empresa é extremamente danosa ao desenvolvimento da indústria nacional e aos trabalhadores.
​O oportunismo de certos setores da sociedade que se manifesta na tentativa de desestabilizar a Petrobrás, aproveitando de sua inserção nas investigações da Operação Lava Jato, também se apresenta no caso da Sete Brasil. A pressão da grande mídia e de parlamentares que não têm compromisso com o interesse nacional e com o povo tem levado a Petrobrás a tomar decisões bastante prejudiciais ao desenvolvimento do país, como se observa no plano de desinvestimentos. Esse quadro impacta profundamente os projetos da Sete Brasil, porque a estatal passa a investir na operação de sondas estrangeiras, em detrimento de sondas construídas com conteúdo local.
A esse respeito, devem-se observar os dados sobre investimentos em exploração e utilização de sondas, que são alarmantes. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, do dia 28/05/2015, desde 2012 até este ano, a quantidade de sondas utilizadas pela Petrobrás caiu de 89 para 55. Igualmente, outra reportagem do mesmo jornal, de 15/05/2015, noticiou um corte de investimentos em torno de 40% na exploração de petróleo, que consiste na primeira fase do ciclo de produção e é fundamental para repor as reservas de óleo. Esses dados tiveram consequências severas para a Sete Brasil. De acordo com matéria da revista Exame, de 29/07/2015, no plano de reestruturação da empresa, ela teve de reduzir o acerto inicial de construção de 28 sondas para 19, mas mesmo assim a Petrobrás pode negociar uma redução ainda maior. Dessa forma, os recursos da Sete Brasil tornam-se mais escassos, dificultando o saneamento de dívidas com os estaleiros e a obtenção de financiamentos com os bancos públicos. Isso afeta sobremaneira o desenvolvimento industrial nacional e os trabalhadores.
Com a crise em que se encontra a Sete Brasil, a indústria naval sofre perdas significativas, porque os estaleiros não conseguem dar andamento na construção das sondas sem os recursos que viriam da empresa. Isso mina quase que completamente o objetivo da Sete Brasil, que é o de contribuir com o desenvolvimento da indústria naval, ao estabelecer acordos com 5 estaleiros de 5 estados do Brasil. Além disso, outro grande revés direciona-se aos trabalhadores. Reportagem da revista Exame, do dia 29/04/2015, mostra que, desde dezembro de 2014, estaleiros já demitiram mais de 10 mil trabalhadores.
A conjuntura atual apresenta uma rede interligada que afeta todo o setor petróleo. Quanto mais certos agentes políticos forem oportunistas por causa das denúncias de corrupção, mais isso afeta a Petrobrás, que é pressionada a tomar decisões equivocadas, colocando em xeque a realização de investimentos estratégicos, por exemplo, a construção das sondas para a exploração de petróleo. Esses desinvestimentos afetam a Sete Brasil, que não consegue pagar a concretização dos seus projetos aos estaleiros, os quais se veem obrigados a demitir funcionários. Isso, portanto, prejudica o desenvolvimento da indústria nacional, que entra em processo de estagnação, e também os trabalhadores, que se encontram em uma situação totalmente vulnerável, porque podem perder seus empregos diante da instabilidade que se tenta imputar ao setor petróleo e naval.

Comentários

comentarios