Recentemente, foi veiculada uma matéria na revista Exame, de 16/12/2015, que afirma que a Petrobrás planeja acelerar a venda de ativos em 2016 e que, segundo o presidente da estatal, ela vai continuar a perseguir linhas de financiamento “atrativas”. O que chama mais atenção na reportagem é o trecho “expectativa de fazer grandes desinvestimentos neste ano”. Ora, é preciso questionar essa afirmação e começar nossa argumentação relembrando que, em 2015, houve uma busca incessante em vender ativos fundamentais da Petrobrás: parte da BR Distribuidora e da Gaspetro, e ainda 180 campos maduros, o que equivale a mais da metade das áreas atuais de produção terrestre.

Devemos recordar, também, que o principal objetivo do plano de desinvestimentos da Petrobrás é desalavancagem (redução da dívida) e a geração de valor para os acionistas. Isso mostra a contradição marcante na gestão da empresa. Em reportagem do jornal Valor, de 28/04/2015, o presidente da Estatal afirmou que o plano de venda de ativos não resolve o problema da dívida da companhia. Sendo assim, por quê colocar isso como um dos principais objetivos do plano de negócios e gestão 2015/2019? Não faz sentido.

Além disso, lembramos ainda que uma das pautas da greve da categoria petroleira consistia na revisão desse plano de negócios. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo, de 12/11/2015, mostra que a companhia não estava disposta a negociar isso com os trabalhadores. Quais as conclusões que se podem extrair dessa conjuntura? As mesmas de sempre, ou seja, o fato de que os gestores da estatal se preocupam em agradar o mercado e seus agentes, em detrimento do interesse social e da preservação da soberania nacional.

A afirmação de que há um planejamento para concentrar a venda de ativos em 2016 evidencia dois aspectos: o primeiro trata-se do objetivo dos gestores, que consiste essencialmente em acalmar as preocupações do mercado, garantindo a ele que a companhia se recuperará, sob a lógica de uma “melhoria de gestão”, e consequentemente manterá seu compromisso de assegurar lucro aos acionistas; o segundo, em contrapartida, é o de que o plano de desinvestimentos da companhia não se sustenta, como mostram as tentativas fracassadas de vender parcela da BR Distribuidora e da Gaspetro, dentre outros projetos já estruturados. Esse fracasso, portanto, não se deve, somente, ao “mau” momento do mercado. É importante ter em mente que, por mais que a Petrobrás se recuse a negociar, as pressões sociais têm surtido efeito, seja da FUP, dos trabalhadores, de políticos e de setores do governo. Por isso, continuaremos nossa luta para preservar que os ativos da estatal não sejam entregues ao mercado, de modo a garantir que as demandas da sociedade por uma Petrobrás 100% pública sejam atendidas.

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