População paga R$13,2 bilhões para manter Temer fora da acusação de corrupção. É a conta espetada por deputados no mercado do voto.
E em desfavor de investigação, pela Justiça, como ocorre a qualquer cidadão comum, de crimes de que seriam acusados próceres de grupos organizados para saquear o tesouro, como impõe as investigações da Operação Lava-Jato, nelas identificado o presidente acusado e que os R$ 13,2 bilhões (de emendas parlamentares, negociação de dívidas e liberação de royalties calculados pelo Valor Econômico desta quinta) compraram, nos últimos dias, às véspera da votação, sua indulgência.
Nada mais coerente com essa Câmara dos Deputados. Os deputados que ontem impediram a Justiça de investigar os crimes apontados como de sua autoria ou participação (corrupção passiva), com tantas gravações e provas robustas (gravações da JBS,a mala de dinheiro carregada com R$ 500 mil pelo assessor) são os mesmos que afastaram uma presidente correta, Dilma Roussef, sem qualquer acusação de recebimento de propina, como ocorre a Temer, ali colocado, agora se deduz, por motivos inversos e convergentes com a vontade cívica do grupo.
A equação de ontem demonstra, indubitavelmente, que no processo do impeachment não estariam em questão os crimes que tivessem sido praticados ou fossem imputados à presidente afastada, sem qualquer acusação formal criminal da PGR de delito penal comum no exercício do cargo, mas justamente o contrário: a sua indisposição para praticar, com o dinheiro público, o mercado que Temer os deputados enxergariam ameaçado, como é dado hoje concluir, em função da posição refratária de Dilma Roussef a mercadejar apoios políticos.