A decisão do Senado Federal, divulgada pelo O Globo no dia 26 de agosto de 2015, de encerrar as atividades da Comissão Especial, criada para analisar o projeto de lei (PLS 131/2015) que exclui a obrigatoriedade de participação de ao menos 30% da Petrobrás na operação dos campos do pré-sal, representa a aceleração do projeto entreguista perpetrado por forças políticas e sociais que sustentam os interesses das elites econômicas. Dentro dessa conjuntura, o Poder Legislativo trabalha em sentido contrário aos interesses nacionais, baseando-se em informações veiculadas pela mídia que são insuficientes para sustentar a tese central do projeto de lei, que, na verdade, visa a beneficiar as multinacionais e a fortalecer o capital estrangeiro, enfraquecendo setores da indústria nacional.
O jornal Folha de S. Paulo, de 22 de agosto de 2015, divulgou uma matéria sobre a queda dos preços do barril de petróleo, tanto do tipo WTI, quanto do tipo Brent. A opinião do mercado é que isso coloca o pré-sal em xeque, porque fica próximo do preço mínimo estabelecido pela Petrobrás para viabilizar os projetos do pré-sal. No dia 23 de agosto de 2015, esse mesmo jornal fez outra matéria sobre barcos de apoio a plataformas de exploração, mostrando uma queda na frota e a paralisação de algumas delas por pendências contratuais. Por fim, recentemente, a Petrobrás autorizou a venda de 25% da BR distribuidora.
Essas notícias criam um terreno bastante fértil para que certos partidos e congressistas tentem implementar seus projetos entreguistas. Nesse sentido, é desnecessário dizer que algumas forças políticas do Parlamento Nacional estejam obstaculizando o desenvolvimento nacional, porque baseiam seus processos de tomada de decisão em cálculos de custo-benefício egoístas, em que as benesses são resguardadas a elas, e os custos são reservados ao povo brasileiro.
Enquanto o mercado argumenta que a queda dos preços dos barris de petróleo prejudica o pré-sal, a exploração e produção nessa camada continua batendo recordes, como mostra matéria da Folha de S. Paulo de 18 de agosto de 2015, segundo a qual houve produção de 798 mil barris por dia no mês de julho, ou 6,9% a mais que no mês anterior. No total, a reportagem ainda mostra que a produção de petróleo e gás cresceu 2,3% também em julho. Ora, é curiosa a postura do mercado porque, ao enfatizar a queda dos preços dos barris, ela pretende criar uma conjuntura desfavorável à implementação de medidas mais nacionalistas, por exemplo, a preservação dos investimentos em áreas estratégicas e a não privatização de empresas importantes que compõem a Petrobrás. Se houvesse motivo para tanto alarde, a viabilização do pré-sal já estaria passando por sérios problemas, mas os recordes da produção e da exploração mostram justamente o contrário.
Além disso, os resultados operacionais da companhia são positivos. Segundo os relatórios financeiros divulgados pela Estatal, na comparação entre os primeiros trimestres de 2014 e de 2015, os resultados deste ano são melhores. No primeiro e segundo trimestres de 2014, o lucro operacional obtido foi, respectivamente, R$7,57 bilhões e R$8,84 bilhões; já no primeiro e segundo trimestres de 2015, o lucro operacional foi, respectivamente, de R$13,33 bilhões e R$9,48 bilhões. Isso indica um processo de recuperação da empresa, porque significa que o resultado daquilo que ela produz e vende, menos os custos, está melhor neste ano do que no ano passado.
Portanto, a aceleração da tramitação do Projeto de Lei do Senado e a decisão de encerrar a Comissão Especial implicam não discutir devidamente o futuro do desenvolvimento nacional e ignorar completamente a viabilidade que tem sido comprovada pelo pré-sal, preferindo surfar nessa onda que está sendo criada em prol da defesa dos desinvestimentos da Petrobrás, como se eles fossem a solução para os problemas da companhia. Esse argumento não se sustenta, porque os desinvestimentos gerarão maior dependência do capital externo, retirando a autonomia decisória da Petrobrás em setores cruciais, o que prejudicará a economia brasileira e os trabalhadores, que pagarão o preço ao verem a indústria nacional ser enfraquecida, com o rebaixamento de salários, maior terceirização e piora nas relações de trabalho.