11/09/2015 às 16h15
Por André Ramalho | Valor
RIO – O representante dos funcionários da Petrobras no conselho de administração da companhia, Deyvid Bacelar, disse que os petroleiros não reconhecem a negociação sobre o acordo coletivo de trabalho apresentado pela empresa e que a pauta prioritária da categoria, no momento, é a revisão do plano de negócios, e não questões corporativas.
A proposta de acordo coletivo de trabalho apresentada pela Petrobras nessa quinta-feira gerou algumas incertezas sobre o futuro de benefícios concedidos pela companhia.
Além de reduzir o valor da hora extra e cortar parte da remuneração de funcionários administrativos incluídos no sistema flexível de trabalho, a estatal deixou de fora da primeira versão do acordo itens como auxílio-almoço, benefício-farmácia, gratificação para empregados de áreas remotas e adicional para os que ficam no Amazonas.
A companhia informou que pretende apresentar as novas propostas para os benefícios no dia 17 de setembro, mas entre os sindicalistas a percepção é a de que a empresa está reavaliando alguns pontos.
“Não vamos aceitar negociar qualquer acordo com a Petrobras nos moldes que ela propõe, de forma fragmentada. Só aceitamos sentar numa mesa única, na qual possamos discutir a Petrobras de forma integrada, e não negociar separadamente, subsidiária por subsidiária, como ela quer”, disse Bacelar.
A pauta prioritária dos petroleiros, segundo ele, é a redução do plano de desinvestimentos, que deveria se concentrar apenas em ativos no exterior, a manutenção dos investimentos da companhia em campos terrestres, a recomposição do efetivo desligado no programa de incentivo ao desligamento voluntário, e uma nova política de segurança do trabalho, entre outros pontos.
Questionado sobre uma eventual necessidade de redução dos investimentos, após a perda do grau de investimentos da companhia, Bacelar afirmou que o assunto ainda não chegou ao conselho e defendeu que a estatal precisa manter os investimentos. “A Petrobras quer focar só na exploração e produção, mas o que tem dado lucro à empresa são as áreas de abastecimento e gás e energia”, argumentou.
A direção da Federação Única dos Petroleiros está reunida nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, para debater e traçar os novos passos e estratégias da construção da greve nacional dos petroleiros, que pode ser deflagrada a qualquer momento, por tempo indeterminado. Assembleias estão sendo convocadas nas unidades operacionais para decidir sobre a adesão à paralisação.