A reunião do Conselho de Administração da Petrobrás avaliou dois temas:
1- Os resultados da companhia no segundo trimestre de 2015;
2- A abertura de capital da BR Distribuidora.

Como amplamente divulgado pela mídia, o lucro da Petrobrás no segundo trimestre de 2015 foi de R$ 531 milhões, cerca de 90% inferior ao mesmo período de 2014. Em função da forte redução do preço do petróleo Brent – diminuiu 47% entre o primeiro semestre de 2014 e de 2015 – e da variação da taxa de câmbio, que se depreciou mais de 40% no mesmo período, o lucro da Petrobrás oscilou negativamente neste período. Além disso, os gastos tributários e de juros relacionados ao IOF também contribuíram para esse resultado.

Esclarecemos de antemão que os segmentos produtores de commodities têm forte influência da economia internacional, uma vez que a determinação do preço e da demanda está fortemente ligada às mudanças ocorridas no ambiente externo.

Em países cuja moeda não é conversível – ou seja, quando a moeda não é capaz de realizar transações financeiras, sem restrições de compra ou venda no mundo –, as grandes empresas desses setores são obrigadas a negociar em moeda estrangeira e, por isso, sofrem grande impactos com as variações cambiais.

Assim, a Petrobrás sofreu – e sofrerá – com as decisões externas de redução do preço do petróleo, bem como com a desvalorização da taxa de câmbio. Desse modo, uma análise mais detalhada do balanço aponta que esse choque negativo nada mais é que um movimento conjuntural das variáveis macroeconômicas internas e externas (câmbio, preço e juros), sendo irrelevante uma avaliação do ponto de vista estrutural ou de longo prazo da companhia.
Em outras palavras, uma extrapolação do resultado atual para o longo prazo, significa um exercício econômico de miopia ou explicita uma disputa política que visa enfraquecer a empresa. As questões-chave para a companhia continuam ligadas à sua capacidade de se manter competitiva e integrada no longo prazo, não apenas para aumentar sua margem de manobra em momentos de oscilação econômica, como também para sustentar seu papel de indutor do desenvolvimento nacional no longo prazo.

Nesse sentido, a segunda decisão tomada pelo Conselho de abrir o capital e registrar oferta pública da BR Distribuidora, iniciou o já divulgado processo desintegração da empresa. De acordo com o jornal Valor, “a Petrobrás poderia vender entre 25% e 40% da empresa”. Com isso, a estatal deixa de controlar grande parte da distribuição de combustíveis do país, um primeiro movimento no sentido de reduzir a participação da organização em vários segmentos da cadeia de petróleo. Além disso, abre espaço que para que o mercado passe a pressionar e orientar a atuação da subsidiária.

Do ponto de vista estratégico, essa decisão representa uma ameaça para o futuro da Petrobrás enquanto uma empresa integrada e pode reduzir sua capacidade de atuar em prol do desenvolvimento de longo prazo. Esse, sim, um aspecto que deve orientar a luta de toda a classe trabalhadora.

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