Categoria: Resumo da Reunião do CA (Página 2 de 2)

A redução da Petrobrás está em curso

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Os temas tratados na última reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, realizada dia 24 de julho de 2015, apontam para o prosseguimento da agenda de forte descontinuidade de várias atividades da empresa. Ou seja, a alta gestão da estatal continua com a estratégia de abrir mão de vários negócios da companhia, fato já evidenciado no Plano de Negócios e Gestão de 2015.



Um primeiro empreendimento discutido na reunião foi a BR Distribuidora, que conforme mencionado pela empresa no seu blog Fatos e Dados, a organização já está estudando a possibilidade de um sócio estratégico e a abertura de capital. Embora a sinalização atual seja que, caso esse processo ocorra, envolva um percentual minoritário das ações, fica evidente a estratégia da Petrobrás reduzir seu poder de atuação no segmento de distribuição de combustíveis. Mais do que a redução dos investimentos no setor, esse processo significa a transferência de um ativo da empresa para o mercado, ou seja, nada mais do que uma privatização!

Como se isso não bastasse, a tendência é que esse movimento ocorra no curto prazo, ou seja, sem que haja uma discussão com a sociedade e com a força de trabalho.
 Além da redução, a Petrobrás mais uma vez pode abrir mão de fomentar um projeto de desenvolvimento da indústria nacional para adquirir sondas do mercado internacional.
A alta oferta de sondas no mercado pode atrapalhar a manutenção de sondas próprias atuando, bem como a encomenda da mesma quantidade de sondas que deveriam ser fabricadas aqui no Brasil.


Esses pontos mostram que já está em curso a estratégia da empresa de reduzir sua participação direta na cadeia produtiva de energia, bem como na sua atuação como fomentadora da indústria nacional. Seja por meio de venda de ativos e/ou redução de investimentos, o fato é que a estatal deve deixar de atuar no desenvolvimento dos segmentos de gás, distribuição de combustíveis e da produção de navios diminuindo empregos e renda de centenas de trabalhadores.

Importantes Conquistas

Apesar do futuro incerto da Petrobrás e da equivocada estratégia adotada pela nova gestão da companhia, algumas deliberações da última reunião do Conselho de Administração (CA) significaram importantes avanços para ampliar a atuação da categoria petroleira. Além disso, algumas alternativas apresentadas pela empresa confirmaram como o envolvimento dos petroleiros tem sido fundamental para as decisões estratégicas da organização no longo prazo.

Em primeiro lugar, a Petrobrás tem considerado a possibilidade de buscar financiamentos estrangeiros para concluir parte das obras do Comperj. Essa alternativa, embora não fosse a ideal, já foi colocada como uma alternativa pela FUP – Federação Única dos Petroleiros, para garantir a realização dos investimentos da estatal no curto e médio prazo, a fim de evitar o processo de retração e descontinuidade de várias atividades da companhia. Como demandado pela FUP em um DNE encaminhado a Petrobrás, uma alternativa para manter os investimentos da empresa seria “continuar com acordos de fornecimento de petróleo em troca de financiamentos com outros países”. Ao que parece, esse instrumento poderia ser utilizado pela estatal para a conclusão das obras da refinaria.

Em segundo lugar, o Conselho de Administração aprovou a participação permanente do Representante dos Trabalhadores no Comitê Estratégico do CA, o que garantiu a atuação da força de trabalho em discussões de cunho estratégico da Petrobrás no longo prazo, além de possibilitar ter acesso a informações importantes para entender as alternativas e opções existentes para a companhia no futuro. Por fim, a proposta para a ampliação do mandato dos conselheiros de um para dois anos foi aceita pelo CA. O próximo passo é encaminhá-la para AGE a fim de aprovar a alteração no Estatuto.

Essas conquistas foram importantes para aumentar os espaços de atuação dos trabalhadores dentro do Conselho de Administração e buscar alternativas ao atual processo de retração da Petrobrás está para nova gestão da companhia.

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A redução da Petrobrás está em curso

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Desinvestimento e desmobilização: Novo formato do Plano de Negócios da Petrobrás e a alteração na Lei do Modelo de Partilha podem reduzir emprego, renda e desarticular vários setores da indústria nacional

O término da última reunião do Conselho de Administração da Petrobrás determina um marco na trajetória da empresa e toda a categoria petroleira nas últimas décadas. Desde as grandes dificuldades vivenciadas no período governo tucano, como as tentativas recorrentes de privatização, a estatal vive provavelmente a maior ameaça de desintegração dos últimos 15 anos.

Após a fracassada estratégia do governo FHC de pulverização, fatiamento e abandono da Petrobrás, cuja finalidade era a sua privatização, o governo Lula formulou uma nova estratégia, reconstruindo-a. A empresa expandiu exponencialmente sua taxa de investimentos, descobriu as enormes reservas de petróleo e gás na camada do pré-sal brasileiro, reassumiu o papel de integração da cadeia de energia, ampliou sua atuação em novos setores de energia sustentável, assumiu uma posição de grande player internacional por meio da realização de investimentos em vários mercados internacionais e se tornou, nos últimos anos, o maior símbolo global de sucesso tecnológico e inovador, chegando a produzir 800 mil barris por dia em apenas 8 anos de descoberta do pré-sal. Na crise internacional de 2008, ao lado dos bancos públicos, realizou um papel central na política anti-cíclica elaborada pelo Governo Federal que impediu uma recessão ainda mais grave da economia brasileira naquele momento.

No entanto, apenas seis anos depois, a nova gestão retoma a fadada estratégia do governo tucano. O projeto de recuperação proposta pela nova gestão é nada mais, nada menos, que o retorno, talvez mais intenso, do projeto tucano de fatiamento, diminuição e pulverização da Petrobrás. A resposta para crise da Lava-Jato e do mal resultado observado em 2014 atende uma antiga demanda dos mercados de capitais, representados pelos acionistas minoritários da empresa e pelos segmentos conservadores da sociedade brasileira. A opção é desinvestir brutalmente, abrir mão de setores não lucrativos e reduzir fortemente a atuação em segmentos que não estejam envolvidos com a área de exploração e produção. A expectativa é que, com essa nova estratégia, a empresa retome a confiança dos mercados e recupere sua trajetória de lucro. Neste sentido, as primeiras linhas da divulgação do novo Plano de Negócios, a empresa apresenta como objetivos fundamentais “a desalavancagem da Companhia e a geração de valor para os acionistas”.

Por outro lado, ao tomar essas iniciativas de redução dos investimentos, a Petrobrás esta ignorando todos os impactos sociais em várias regiões do país e seu papel fundamental de impulsionadora de vários outros segmentos da indústria, na geração de emprego e renda para a sociedade brasileira. A escolha foi a retomada da credibilidade com o mercado, em contrapartida, estamos perdendo a Petrobrás que, quando atua, materializa um Estado Nacional forte e envolvido com as demandas sociais do Brasil.

Para que não pareça exagero, veja os montantes que a nossa Petrobrás pretende desmobilizar nos próximos anos: redução de cerca de 37% dos investimentos da empresa para os próximos cinco anos, o que significa US$76,2 bilhões; a projeção da produção de petróleo se reduziu de 4,2 milhões de barris/dia para 2,8 milhões em 2020. Além disso, a estatal apresentou um plano de desinvestimentos, ou seja, VENDA de ativos que envolve US$15,1 bilhões durante 2015/2016 e US$42,6 bilhões em 2017/2018.

Como se não bastasse a estratégia de investimento, o embate político-ideológico se tornou totalmente convergente aos interesse únicos e exclusivos do mercado. Todas as alternativas colocadas pela FUP para financiamento da empresa – desoneração tributária, tomada de recursos com pagamento de óleo – foram prontamente refutadas e ignoradas pela Diretoria da empresa. Além disso, a posição da Diretoria em relação à alteração da lei do pré-sal – proposta pela oposição tucana – é que seja inserida na lei o direito de recusa da Petrobrás em adquirir os 30% da exploração do campo do pré-sal, ou seja, a empresa também concorda que possa abrir mão da sua exploração em certas situações.

Em suma, o resultado da reunião do Conselho, foi a estratégia de pulverização de áreas e descontinuidade de várias atividades, como petroquímica, distribuição e logística; a priorização de áreas altamente rentáveis impulsionando inclusive a venda de alguns negócios do E&P, inclusive no pré-sal. E, por fim, um forte afastamento do papel social da Petrobrás, tendo em vista a postura demonstrada pelos conselheiros sobre os interesses públicos e o papel social da Petrobrás, inclusive em confronto com os interesses do próprio petroleiro.

Para os trabalhadores, talvez seja o momento mais crítico observado desde a greve de 1995. É uma terrível coincidência que vinte anos após aquele momento, a categoria se depare, com uma nova tentativa de destruição da Petrobrás. Além das ameaças de uma redução ainda mais intensa dos empregos terceirizados, várias cidades e regiões, sofrem uma perspectiva de desarticulação das suas cadeias produtivas e dos setores de serviços. Assim como a empresa remontou à vinte anos atrás, é o momento da categoria petroleira ter a unidade e a força para evitar mais um retrocesso contra a maior empresa desse país.

Resumo da primeira reunião do CA da Petrobrás

A nossa primeira reunião do CA foi bastante rica e proveitosa. Na apresentação do balanço do primeiro trimestre deste ano, alguns resultados se destacaram:

  • A Petrobrás atingiu um lucro líquido de R$5,3 bilhões;
  • A produção de petróleo cresceu 18%;
  • O saldo em caixa da empresa alcançou R$68,2 bilhões.

Com isso, nos parece claro que as perspectivas de médio e longo prazo para a Petrobrás são bastantes favoráveis, principalmente se agregarmos os resultados positivos alcançados pelo pré-sal e solidez do desenvolvimento tecnológico e produtivo. Apesar disso, estamos preocupados com o afastamento do governo, pois é necessário termos bons técnicos e pessoas da nossa confiança para participar desse novo momento da estatal.

 

O planejamento estratégico da empresa está sendo refeito e tudo indica que a nova gestão quer dar um novo foco da empresa para a área de E&P, o que vai de encontro à grande empresa integrada de energia que a Petrobrás se tornou nos últimos anos. Além de uma mudança na estrutura organizacional, que deverá diminuir um pouco a sua verticalização e dar uma maior autonomia à área TI (Tecnologia da Informação) e SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde).

 

Discutimos a reestruturação da Ouvidoria, que é um espaço para o público interno e externo denunciar, criticar, elogiar e sugerir propostas para empresa, mas que necessitava de uma série de ajustes. Dentre esses ajustes, ficou definido que será criado um novo canal de denúncia para fraudes e corrupção, dentro da ouvidoria, que será acompanhado pela nova diretoria de governança e conformidade. Além disso, fomos favoráveis à contratação de uma empresa para a seleção de um novo ouvidor, mas sugerimos que o processo seletivo seja realizado com o público interno da Petrobrás, pois acreditamos que no quadro de funcionários atual, tenha pessoas competentes e preparadas para assumir a função. O conselho recebeu bem a nossa proposta e ficou de avaliar como será feito o processo seletivo.

 

Foram aprovados os comitês: de auditoria – que será apresentado trimestralmente para o CA um relatório da auditoria interna e outro da ouvidoria com as denúncias de fraudes e corrupção, bem como as reclamações de diversos temas feitas pelos públicos interno e externo; de remuneração e sucessão – nessa comissão o conselheiro eleito pelos trabalhadores ainda não pode participar, por conta da Lei 12.353, mas já estamos tentando modificar essa situação no Congresso Nacional com a ajuda da Senadora Fátima Bezerra; financeiro – onde os conselheiros especialistas em finanças, contabilidade e auditoria estarão presentes; estratégico – em que os conselheiros e assessorias trabalharão com o plano de negócios e planejamento estratégico da Petrobrás, e; de SMS ( Segurança, Meio Ambiente e Saúde) – aquele que nós participaremos com a Esperança de ajudar a mudar a atual gestão de SMS da Companhia. Para a próxima reunião do comitê, já temos temas sugeridos por pessoas de diversas bases a serem propostas para a pauta do CA, como o acidente ocorrido na plataforma Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, que levou a morte de nove trabalhadores da empresa norueguesa BW Offshore (plataforma fretada em campo da Petrobrás), permanência da UO-Sul e incorporação da Termobahia S/A.

 

É importante destacar, que conseguimos emplacar alguns pontos de grande relevância na reunião; ratificamos uma decisão da época de Zé Maria, como Conselheiro, de fazermos as reuniões do CA em unidades das diversas áreas da empresa, a fim de nos aproximarmos mais dos trabalhadores e trabalhadoras. Essa proposta foi bem apreciada por Aldemir Bendine, presidente da Petrobrás e Murilo Ferreira, presidente do Conselho Administrativo, além dos outros conselheiros. Outra proposta foi de reorganizar a divulgação dos resultados, com o intuito de apresentar os dados para a imprensa e informar também as entidades sindicais que representam a categoria Petroleira. E cumprindo uma promessa de campanha, apresentamos a ampliação do mandato do conselheiro eleito pelos trabalhadores e trabalhadoras para dois anos, com possibilidade de apenas uma reeleição.

Ficou definido também que na próxima eleição será eleito um conselheiro e um suplente para representar a classe trabalhadora.

 

 

 

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